Cada tarde de sol tímido, cada manhã silenciosa, cada quero-quero assustado em início de treino, cada assinatura do Délcio na ficha de registro de entradas, cada voz das arquibancadas do Estádio das Castanheiras há de testemunhar a história destes vencedores.
Não será à toa que três dezenas de homens, de guerreiros, abrem mão de suas famílias, do luxo de seu lar, de suas histórias. Não será à toa que alguns terão de superar as dificuldades de dividir quarto com estranhos amigos numa concentração abaixo de uma arquibancada. Não será em vão o esforço de superar a saudade da comida da mãe, no refeitório do clube.
Já passou o tempo da lamentação, da lamúria ou do conformismo. Já não se diz que estar no Brasil é justificativa para a falta de uma opção melhor. A cada manhã em que o despertador interrompeu o sono, ao se abrir janela do quarto, no centro de Farroupilha, se percebia o despertar dos vitoriosos. A alvorada das metas, de quem tem nas mãos a missão de concretizar o sonho daqueles que acreditaram na loucura de buscar, contra tudo e contra todos, o impossível.
Já faz parte do passado os dias de esquecimento, de anonimato. É realidade, a reação natural ao absurdo do menosprezo. Já não se trabalha pelo presente e pelo sustento, mas sim pelo futuro e pela independência.
Ah, o que seria do mundo sem os visionários?!! O que teríamos se alguns, poucos, não tivessem a coragem de duvidar, arriscar e mudar?! Por onde andaríamos se não conhecêssemos o caminho dos que um dia ousaram percorrer novas trilhas, diferentes das que todos os outros percorreram?
É hora da virada, Brasil! Senhores atletas, carreguem consigo a força de uma comunidade que, ao longo de 70 anos, quis que estivessem vocês na situação em que estão, prestes a colocar essa paixão no auge do futebol gaúcho.
Não há limite que não possa ser superado quando existe um valor maior. Não há barreira que não possa ser superada pela força de um rio revolto. Sejamos este rio, que mesmo que faça curvas, suba montanhas ou caia em penhascos, fatalmente atingirá seu objetivo, que é o mar.
Que o Brasil seja um exército. Que em nossa frente de batalha cresçam imponentes nossos arqueiros. Que estes sejam os atletas, cingidos do capacete da esperança. Que suas flechas sejam os gols, que seus escudos sejam as defesas. Que nossa cavalaria seja nossos dirigentes. Montados na coerência e na razão, comandem com pulso firme os destinos da nossa retaguarda. Que nossa infantaria seja um incontável número de destemidos e humildes soldados-torcedores. Que nossas espadas sejam as bandeiras; nossos escudos , os rádios; nosso capacete, o boné da antiga promoção; e nossa armadura, o manto verde, branco e vermelho, que há de aterrorizar quem o avista, ainda que à distância, por respeito e temor.
É hora de subir, Brasil. Tocam as trombetas da ordem superior. É chegado o momento da virada, do salto de qualidade, da vitória definitiva. Caiam a nossos pés os inimigos, os desestimuladores, em outras palavras, os secadores. Força, Brasil!
Que cada gol seja uma resposta a cada dificuldade que a vida nos impôs. Que cada dividida nos cure de um trauma. Que cada bola afastada de nossa área represente as dores que espantamos para longe de nós. Que cada vitória seja uma medalha de honra ao mérito de verdadeiros homens. Seres humanos honrados, que cumpriram seu dever para com sua família, sua sociedade e sua consciência!!
Que nossa comemoração final seja para a eternidade, como prova de que valemos a pena, de que soubemos combater e de que triunfamos sobre todo e qualquer obstáculo somente pela nossa virtude! Vamos, Brasil! A 1ª divisão nos aguarda! Não te mixa, Brasil!!!
2 comentários:
Belíssimo texto William, parabéns!!
Sucesso para vc nesta nova empreitada!
Um abraço!
Everson Ricardo Pereira
Preparador de Goleiros
SERC Brasil/Cortiana
William, lindo texto, parabéns, nós aqui de Floripa, da transmissão pela internet da radio miriam seremos telespectadores da súbida do Brasil!!
abraços
Roberta Martins
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